20 de julho de 2017

Para educar crianças feministas - Chimamanda Ngozi Adichie

Não sei se é de conhecimento geral, mas sou uma grande fã da escritora e ativista Chimamanda Ngozi Adichie, e não pude deixar de ir atrás de um de seus mais recentes livros, que na verdade é uma carta redigida pela própria, e endereçada a uma grande amiga, que lhe pedira dicas de como criar sua filha recém-nascida dentro da esfera feminista.
Nativa de Enugu, na Nigéria, a autora nasceu em 1977 e assina o lançamento de quatro grandes obras, além de sua conferência no TED, que já ultrapassa 2 milhões de visualizações e teve seu discurso transcrito e lançado no formato de livro, aqui no Brasil, pela Companhia das Letras, recebendo o título de Sejamos todos feministas.

Dividido, basicamente, em quinze sugestões educacionais, Chimamanda listou o que achava ser mais adequado para a educação de uma criança nos tempos modernos, onde os limitadores ideias de gênero são tão presentes e acorrentam, principalmente as moças, impedindo-as de consolidar até mesmo sua personalidade, já que esses ideias impedem a formação pela qual todos passamos durante as fases de crescimento.
Feminismo e feminilidade não são mutuamente excludentes. É misógino sugerir o contrário. Infelizmente, há mulheres que aprenderam a se envergonhar e a se desculpar por interesses vistos como tradicionalmente femininos, como moda e maquiagem. Mas nossa sociedade não espera que os homens se sintam envergonhados por interesses tidos como masculinos - carros esportivos, certos esportes profissionais.


Da mesma forma, Adichie não deixou de citar outro recorrente problema em nossa sociedade, que transcorreu séculos e ainda continua muito presente. O racismo. Mesmo que esse não fosse o foco inicial do livro, sendo nossa autora uma grande ativista de ambos os movimentos, e vivendo sob o constante marco negativo de tal problema, não resta dúvidas de que o tema fosse lembrado, já que, como mencionei, é tão comum vermos atrozes casos racistas, não só de forma explícita no dia a dia, mas também implicitamente nos meios sociais.
Esteja atenta também a lhe mostrar a constante beleza e capacidade de resistência dos africanos e negros. Por quê? A dinâmica do poder no mundo fará com que ela cresça vendo imagens de beleza branca, da capacidade branca, das realizações brancas, em qualquer lugar onde estiver. [...] Provavelmente também crescerá vendo muitas imagens negativas da negritude e dos africanos.
Ensine-lhe a sentir orgulho da história dos africanos e da diáspora negra. Encontre heróis e heroínas negros na história. Existem. [...] Os professores serão ótimos em ensinar matemática, ciências, artes e música, mas você mesma é que terá de lhe ensinar orgulho.

Com linguagem simples e escrito nesse formato de carta, nos sentimos como em uma conversa, na qual a própria Chimamanda estivesse tendo um diálogo conosco, e como se suas preciosas dicas nos fossem diretamente dirigidas. Não é, definitivamente, voltado apenas para pais ou educadores, como o título poderia sugerir, mas a um público muito mais amplo, incluindo todos aqueles que buscam um mundo de igualdade racial e de gênero.

★★★★★

Recomendo não só esse livro, como também suas outras publicações, dentre elas Americanah e Hibisco Roxo, que são meus preferidos! Pretendo relê-los em breve para trazer uma resenha aqui para o blog. 
E vocês, já leram algo da autora? Deixem aí nos comentários. 

8 comentários:

  1. Também sou fã da Chimamanda e adoro a escrita dela, apesar de não ter concordado com algumas coisas do livro/carta gostei muito da atitude dela de publicar esse livro ajudando a mudar a mentalidade de uma geração. Parabéns pela resenha, ficou muito boa ^^
    http://minimundoliterario.blogspot.com.br/

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    1. Que bom que gostou da resenh!. E realmente como não ser fã da Chimamanda, não é mesmo?! haha.
      E vamos conversas mais sobre o que achou desse livro!

      Beeijos!

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  2. Oi Aline.

    Vou ser bem sincera com você, não conheço a escritora e sua resenha foi uma novidade para mim. Gostei bastante das informações encontradas , pois a escrita dela parece ser muito boa. Quero ler e passar a dica para minha filha também.
    Dica anotada.

    Bjos

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    1. Oi, Kênia!
      Espero que tenha a oportunidade de ler algo da Chimamanda no futuro, e que goste!

      Beeijo!

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  3. Aaaaaa. Quero ler tudo desta mulher!!! RAINHAAAA.

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    1. Ela é maravilhosaa! Leia mesmo, Ana, porque vale muito a pena! <3

      Beijos

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  4. Por enquanto eu só li o "Sejamos Todos Feministas", mas tenho vontade de ler outras coisas dela por ter adorado esse. Imagino que o "Para Educar Crianças Feministas" seja tão incrível quanto! É um tema tão importante, né? Porque mesmo com todo o avanço que estamos vivendo nos dias de hoje, parece que algumas coisas não saem do lugar há anos. Infelizmente as mulheres ainda são muito limitadas pela sociedade. E a ideia de feminismo é muito distorcida, servindo até como ofensa para algumas pessoas.
    Bem legal que ela inseriu o racismo no livro também. É muito importante de ser tratado com as crianças, principalmente pelo trecho que você destacou. A maioria das bonecas são brancas, dos atores, modelos...pessoas em geral que são mostradas na mídia.
    Gostei muito da sua resenha e adorei conhecer seu blog também, ele é muito amorzinho <3

    Beijos!

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    1. Oi, Juliana!
      Ah, fico muito feliz que tenha gostado daqui! <3
      E sim, realmente todos esses temas que a Chimamanda escreve nesse livro são de extrema importância! E espero que tenha oportunidade de ler mais coisas dela.

      Beeijos!

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